quinta-feira, 15 de maio de 2008

Sofrer para fazer cultura! Cultura para Viver!


Falar de Cultura, vem a idéia comidas típicas, as baianas que vendem acarajé na Bahia, as tacacazeiras das esquinas de Belém do Pará. Pensamos na Feira de São Joaquim, no Mercado Modelo de Salvador, no Ver-o-peso e no Círio de Nossa Senhora de Nazaré de Belém. Mas, hoje vivemos um amplo conceito de cultura. É "Contracultura", "Multicultura", "Cultura na pós modernidade" "Identidades Culturais", "cibercultura", "cultural digital" e por aí vai...


A verdade é que o ser humano está constantemente em processo de "mutação". Hã? como assim? É isso, somos mutantes! Como diria o raparigo do Raul Seixas: "Eu prefiro ser, essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo". Raul, como muitos sabem, foi um dos maiores compositores do rock brasileiro, seus discos bateram recórde de vendas, o cara faturou (e vivia pobre)! Mas, o que muitos não sabem, é que este cara sofria tanto..., era alcólatra, super drogado, tinha problemas internos, e colocava em suas músicas letras que o acalmavam (na verdade o agitavam ainda mais), pois era onde ele colocava todo o caos que existia dentro dele, para fora.


O homem necessita se expor de alguma forma. Ele precisa sobreviver, e luta incansavelmente para continuar respirando o maior tempo possível. E foi assim, que tivemos as maiores fontes culturais da música no mundo! Tivemos o jazz, funk, soul, o chorinho, o samba, através do sangue negro, de pessoas sofridas, que encontraram um ritmo que acalmassem seus corações, e que pudessem cantar pra si. No Brasil, tivemos a Tropicália, que tanto transformou jovens e a política brasileira. Não foi nada planejado, Gilberto Gil e Caetano Veloso, foram caras estremamente inteligentes, e não conseguiam engolir o sitema corrupto que acontecia na política brasileira entre os anos 60/70. E o que aconteceu, foi uma grande explosão cultural que não só envolveu a música, mas a pintura, o falar, o teatro, e tanta riqueza multicultural que não teve como não se transformar em Movimento.


E agora, damo-nos com uma cultura que vem até mesmo de pessoas analfabetas. De pessoas, que não tiveram o conhecimento e aprendizado que Gil e Caetano carregavam no seu ser, mas, estas mesmas pessoas possuem tanta vontade de sobreviver, que não é preciso muitos estudos para fazer movimentos culturais. A criatividade e a luta pela sobrevivência de um povo tão excluído, principalmente pelos negros, nos presentiaram com um ritmo, que hoje, não é mais visto somente como música, mas sim, por um movimento que literalmente, anda movimentando todas as classes sociais e etnias: O HIP HOP.


Foi de lá, da África, Jamaica, Kingston, que nasceu os primeiros DJ's, as danças, o "sound system"(sistema de som), que simplesmente invadiam as ruas pra fazer MÚSICA. E assim, levaram para uma das maiores potências mundiais: EUA (não por vontade própria - a história aqui é um pouco longa). Foi em Nova York, bairro de Bronx, que o Hip Hop aconteceu! Foi do sangue negro, tão sofrido, tão excluído, que um dos ritmos mais tocados atualmente no mundo surgiu.


E assim, vamos nós vivendo. Construindo, sempre em processo de mutação... Viva às pessoas sofridas, viva ao caos. Aquela frase que diz: "De todo mal tiramos um bem!" Realmente, é inquestionável.


Termino esta postagem com uma frase do Hermano Vianna que resume em simples palavras, tudo que expus acima: "Não existe mais um território seguro em que a arte underground ou marginal permaneça escondida do comércio ou da caretice. As novidades mais radicais são absorvidas quase instantaneamente por uma indústria cultural sempre moribunda, mas ainda extremamente voraz". (Fonte: http://www.overmundo.com.br/)

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